domingo, 10 de janeiro de 2010

Long Neck a 10 paus

Para os doentes de amor, o remédio pode estar na vida noturna, e nas noites de insônia podemos sair, e procurar emoções diferentes. Poetas buscam neste tema inspiração para seus versos. Numa noite destas um homem sai a buscar algo que lhe faltava: calor para seu coração carente. Numa ronda pela cidade, passou na igreja, rezou e em silêncio pediu proteção.
Numa casa com um neon sugestivo, e com luzes vermelhas piscantes entrou meio desconfiado. O porteiro que mais parecia um armário chamou-o de doutor e desejou bom divertimento.
Ao chegar ao salão, numa penumbra multicor, procurou uma mesa com uma boa vista para a pista de dança. Mal ele senta e uma senhorita se aproximou. Deu-lhe dois beijos no rosto e ele sente seu perfume forte e marcante, bem como sente que seu batom lhe marcou. Era loira, com seios fartos que pareciam querer saltar pelo decote, e apesar do lusco-fusco ele percebe que estava sem sutiã. Ela conta que tinha colocado silicone nos seios, e disse que tinha uma tatuagem num lugar muito discreto. Enquanto tomava uma cerveja, ela contou que estava ali por falta de opção, e que só com este trabalho conseguia dar conta das despesas com uma filha e pagar a faculdade. Que em dois anos se formaria e sonhava abandonar aquela vida. Sandra, como se chamava disse que ele era um homem muito interessante e que era fácil se apaixonar e que se um dia ela encontrasse alguém como ele abandonaria sua “profissão” na mesma hora.
Ele pensa, o que é o cara ser bacana, olha só: amor a primeira vista...
Para ganhar tempo e ficar mais à vontade mente pra ela que ia esperar um amigo que viria mais tarde e que antes dele chegar ia só beber um pouco. Ela disse então que ia dar uma volta, beija-o no pescoço e disse que o queria muito.
Ele fica ouvindo as músicas: “você não vale nada mais eu gosto de você... boemia, aqui me tens de regresso... levei um pé na bunda...agora saio na sexta e só volto na segunda... besame, besame mucho...” Olha para um sofá, do outro lado da sala e vê a Sandra quase sentada no colo de outro. Por pouco não se suicida ali mesmo com tamanha “traição”.
Vai ao banheiro e na volta nota uns conhecidos que ficam meio sem jeito ao lhe ver, faz de conta que não reparou neles e volta pra sua mesa.
Notou que aumentou o movimento na casa e que um grupo de mulheres novas acabou de chegar. A Marisa com seus cabelos negros cacheados e um corpo de violão se apresenta. Em vez de beijinhos abraça-o e sussurra algo em seu ouvido que deixa ele todo arrepiado. Usa um vestidinho preto, tipo tomara que caia que fica toda hora ajeitando. Trás uma cerveja e senta ao seu lado como se fosse sua namorada: segura pela mão e alisa seus cabelos... Seu vestido curto sobe e mostra suas pernas bem torneadas. Uma mulher muito bonita, e com um sorriso encantador.
Diz que tem 19 anos e que está na cidade faz duas semanas. Não estuda, mas precisa mandar dinheiro pra mãe doente que mora na fronteira.
Convida-o pra ir para o “reservado”, onde podem ficar mais à vontade. Insinua um movimento esfregando o corpo e ele pede outra cerveja para que com sua saída, recoloque as idéias no lugar...Ao levantar deixa cair a bolsa (de propósito) e ao juntar quase lhe cega com a visão de seu traseiro.
Quando ela volta, está recomposto, e pergunta como funciona o reservado. Conta-lhe que pra ir lá tem de comprar um champanhe, e que podem trocar carícias mais íntimas. Só não podem fazer sexo. Pensa ser uma ante-sala do paraíso. Mas acha também um desperdício, pois de que adianta entrar lá se não tem como seguir em frente? Pergunta pra Marisa, se for pra ir direto ao programa como seria, e ela contou que ele pagaria as despesas da “moça”, do apartamento, do preservativo e de um drinque pra tomar no quarto. Com sexo normal era uma tarifa, mas outros serviços seriam cobrados à parte. Começou a brochar ao ver quanto custaria aquela sessão toda. E depois mesmo ali naquele lugar imaginava ele na sua ingenuidade encontrar algo mais romântico... Disse pra ela que ia esperar um pouco, que podia ficar à vontade que ia pensar.
Ela saiu dançando sozinha, e no meio da pista abraçou a coluna tentando subir na mesma,imitando a performance que uma dançarina fazia numa novela. Ainda lhe provocou várias vezes com um olhar malicioso,mas logo depois alguém saiu com ela nos braços para um canto da sala.
Apesar de ser tão, ou mais atraente e “interessante” que a Sandra, perder a Marisa não o deixou abalado.
Olha para os casais se amassando e se beijando, e a fumaça dos cigarros formando figuras na luz negra.
A casa está cheia e agora é a Verônica que vem com tudo pra cima dele: Chama-o de amor, tenta sentar no seu colo, e quase esmaga-o com seus quilos a mais. Seu cabelo vermelho até que é bonito, mas nem mesmo a penumbra disfarça que sua míni-saia é um número menor a espremer-lhe a bunda, e uns pneuzinhos de bom tamanho salientam-se sob sua blusa. Já meio bêbado, sente náusea com seu cheiro de cigarro quando ela morde-o no pescoço.
Pediu que lhe trouxesse uma cerveja, mesmo não tendo terminado a última, numa tentativa de se livrar do perigo que rondava. Fica rindo da sua desgraça, esnobou a siliconada, esnobou o galeto, agora bem feito: sobrou a baranga. Mal ela chega, ele diz que recebeu um telefonema urgente, que tem de ir, mas promete voltar outro dia. Ela ameaça sentar e ele resolve sair sem tomar a última cerveja. Ofereçe a ela e deseja bom proveito.

Vai ao balcão paga a conta, e sai de fininho. Dá uma olhada pra mesa e a Verônica faz um coração com gestos e lhe joga um beijinho....

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