terça-feira, 29 de dezembro de 2009

No ENEM/2009

Neste segundo dia de provas, cheguei meia hora antes. Hoje já me sinto mais à vontade pois ontem, em certo momento, comecei a me sentir como um estranho, e até pensei: o que eu estou fazendo aqui.
Enquanto aguardo na sala, sofro com o forte calor e o suor molha minha camisa. Vejo mais pra frente um colega, com manga comprida e casaco de couro, será que não está tão quente assim e minha gripe é que me desregulou a percepção da temperatura? Gripe esta que ontem me incomodou e me fez cochilar várias vezes durante a prova, e que continua, minha cabeça dói e a coriza incomoda bastante. Espero que hoje os analgésicos dêem conta do recado e eu agüente as cinco horas de “sabatina”.
Como hoje é a final do campeonato brasileiro, alguns candidatos vieram vestindo as cores de seus clubes. Entre uma do São Paulo e outra do Flamengo vejo mais camisetas do Grêmio que do Inter. Parece que os colorados jogaram a toalha mesmo, mas espero terminar até as dezessete horas para ver o jogo.
Sentei-me no mesmo lugar de ontem. Noto que outros me olham e vejo que ficam intrigados ao me ver escrevendo, talvez pensem que estou “treinando” pra redação. Penso no meu blog e lembro que voltei a escrever sobre as formigas no twitter. Gosto do assunto apesar do incômodo que elas me causam.
No almoço comi saladas e carne para evitar sonolências, mas faltam vinte minutos e estou cochilando. Trouxe uma garrafa de água pra matar a sede e para os remédios que com certeza vou precisar.
Sinto certa tensão nas outras pessoas, talvez pela necessidade de ir bem na prova, até porque este ano mais faculdades estão aceitando as notas do ENEM para ingresso de alunos. Nervosismo que não tenho pois ainda não vou concluir o ensino médio este ano. Estou fazendo mais por curiosidade, e, portanto de sangue doce, mas que dá um friozinho na barriga, isto sim.
A sala é abafada e está quente mesmo, e, a despeito do homem com casaco de couro, a maior parte se veste com roupas curtas. Um rapaz gordo veste uma bermuda estranha que quase toca o tênis. Fico me perguntando se é para vestir uma bermuda que vai até os pés porque não pôr logo uma calça? Mas ele parece feliz, e se aquela roupa o deixa assim, quem sabe amanhã não estarei tambem com uma.
Algumas mulheres que, aliás, são a maioria, mostram suas pernas com shorts e míni saias. Umas conversam com as outras e eu fico quieto tentando decifrar o que falam. Uma moça ruiva de uns dezoito anos, não para de sorrir ao meu lado, parecendo querer mostrar seu novo aparelho nos dentes. No outro lado uma senhora de uns trinta anos, morena e com cabelos armados num coque comenta estar cansada pois fez faxinas antes de vir. Com certeza ela está fazendo esta prova em busca de algo melhor e novas condições de vida.
Uma moça loira com cabelos encaracolados que ontem sentou na minha frente, hoje está no mesmo lugar. Notei que ela veio com a mesma roupa de ontem, inclusive a calcinha rosa com florzinhas que fica aparecendo entre o cinto do jeans e a blusa que sobe quando ela se movimenta. Bom, pode ser que ela tenha duas iguais.
Dou uma olhada panorâmica e vejo que sou o mais experiente da turma. Afora umas quatro pessoas na faixa dos trinta, os outros todos têm entre dezesseis e vinte e dois anos.
Faltam dez minutos, vou ao banheiro e quando volto a sala está cheia. Agora noto que as camisas do Inter são maioria, acho um bom sinal.
A monitora entra e anuncia o início da prova, agora tudo que vier será lucro, só espero não ficar na lanterna...

(Depois de fazer a redação, a gripe apertou e cochilei várias vezes. Com febre e dores pelo corpo não tive condições de terminar. Marquei muitas questões aleatoriamente e saí no meio da prova. Mas tive uma boa média inclusive que me daria acesso a algumas universidades. Ano que vem vamos de novo.)

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