sábado, 19 de março de 2011

Campainha

A campainha toca. Ele custa a acreditar, nem lembra quando recebeu visitas, pensa até estar delirando.
Quem seria? Talvez um pedinte, um cobrador, mas estes já não teriam desistido?
Uma balzaquiana do censo? Não, não está assim com tanta sorte. A polícia? Tem andado meio errante, mas crimes não cometeu.
Seria ela? Não, ela não vem mais... até acha que nem tem ninguém, está vendo coisas. Mas o segundo toque dá a certeza: alguém chama.
Claro é ela, aquela que povoa suas noites. Agora está ali para materializar seus sonhos.
Se arruma depressa, experimenta freneticamente várias roupas, olha várias vezes no espelho, usa o melhor perfume, o coração salta no peito, chegou o dia.
Uma última conferida no perfil e caminha a passos firmes em direção a porta. Ao levar a mão à maçaneta ele para. E se não for ela? Deve ser, algo lhe diz que sim.
Mas e se ela veio depois de tanto tempo o que a trouxe? E se for para dizer não, para desistir. Ele recua, olhando para a porta. O que fazer? Terminar com a dúvida? Abrir a porta e encarar de vez a realidade, ou ficar ali esperando ela ir embora, e poder continuar a ter ela tal como sonha...em seus sonhos.
A passos lentos ele caminha, afasta-se dali,, nem se importa com os toques da campainha

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