quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Os dedos e os anéis

Quem já teve anéis
E vê irem-se todos, mas não padece
Admira seus dedos e agradece
Pois não é o poder que idolatra
Mas quem é materialista
Olha pra eles e sente medo
Porque nunca viu seus dedos
Despidos de adornos de lata

Eu que já os tive
E se foram todos, não ficou nenhum
Mas meus dedos, conto um por um
E não faltam, a não ser marcas no couro
Uns eram de vil metal
Outros até bem cintilantes
Iluminaram-me em certos instantes
Na ilusão da prata e do ouro

Hoje me encontro assim
Meio sem rumo a vagar nas ruas
Marcado pela verdade nua e crua
Das cicatrizes que a vida me deu
Desprovido de matéria e plata
Assim me sinto, muito embora
Pareça meio acabrunhado agora
Ao menos posso dizer: este sou eu

É muito bom desopilar-se de matéria
Andar por aí sem nada a perder
As coisas e os amigos passamos a conhecer
Pois o que ficou, é verdadeiro e real
Eu, que vago por aí meio teatino
Em certas horas até desprevenido
Mas de caráter continuo bem provido
Porque este, não se mede com metal
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário