sábado, 23 de novembro de 2013

         Carranca


Nos barcos do São Francisco
Eu conheci as carrancas.
Instaladas soberbas nas proas
Faz as almas penadas a afins
Assombrações e coisas ruins
Respeitarem o cenho franzido
De olhos grandes e dentes compridos
Ficarem quietinhas na retranca.
Um velho pescador me contou
Jurando por sua felicidade
Estar dizendo a verdade
Que certa feita numa navegação
A carranca de sua embarcação
Espantou até o cramulhão
Que sumiu correndo na barranca!

Uma destas veio comigo
Pois se coisa ruim afasta
Não custa se precaver.
Olhando a criatura estes dias
Fiquei a pensar comigo
Se no rio livra os perigos
Na terra como há de ser.
Miro-a e ela me olha
E inspiro-me no seu semblante
Não que ache parecida comigo
Porem assim a vagar eu sigo
Como um carrancudo andante.



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